26/06/2009

Sobre as verdades

Verdades, para mim, são significados que damos para as nossas respostas. Pois nossas questões são nossas incertezas, elas podem ter várias respostas que, de tantas, também são incertas. Só se tornam verdades quando nos são significativas. Como para uma mesma questão há várias respostas e cada pessoa pode significar uma resposta diferente, portanto, há várias verdades.

Em minha opinião, as maiores verdades que devemos buscar são aquelas que dão significado a nossa vida. Que nos fazem compreender quem somos, que nos mostrem como devemos agir, que nos tragam razões para viver.

Entretanto, muitas vezes deixamos essas verdades de lado e vamos simplesmente levando a vida, empurrando-a, sem realmente vivê-la. O texto abaixo me fez refletir a respeito de quanto acabamos ligando o piloto automático e, não assumindo nós mesmos a direção de nossa vida (pois esquecemos de quem somos), acabamos deixando de apreciar os caminhos que a constitui.

Paradoxo do Nosso Tempo - George Carlin

Nós bebemos demais, gastamos sem critérios. Dirigimos rápido demais, ficamos acordados até muito mais tarde, acordamos muito cansados, lemos muito pouco, assistimos TV demais e raramente estamos com Deus . Multiplicamos nossos bens, mas reduzimos nossos valores. Nós falamos demais, amamos raramente, odiamos freqüentemente. Aprendemos a sobreviver, mas não a viver;adicionamos anos à nossa vida e não vida aos nossos anos. Fomos e voltamos à Lua, mas temos dificuldade em cruzar a rua e encontrar um novo vizinho. Conquistamos o espaço, mas não o nosso próprio. Fizemos muitas coisas maiores, mas pouquíssimas melhores. Limpamos o ar, mas poluímos a alma; dominamos o átomo, mas não nosso preconceito; escrevemos mais, mas aprendemos menos; planejamos mais, mas realizamos menos. Aprendemos a nos apressar e não, a esperar. Construímos mais computadores para armazenar mais informação, produzir mais cópias do que nunca, mas nos comunicamoscada vez menos. Estamos na era do 'fast-food' e da digestão lenta; do homem grande, de caráter pequeno; lucros acentuados e RELAÇÕES VAZIAS. Essa é a era de dois empregos, vários divórcios, casas chiques e lares despedaçados. Essa é a era das viagens rápidas, fraldas e moral descartáveis, das rapidinhas, dos cérebrosocos e das pílulas 'mágicas'. Um momento de muita coisa na vitrine e muito pouco na dispensa. Lembre-se de passar tempo com as pessoas que ama, pois elas não estarão aqui para sempre. Lembre-se dar um abraço carinhoso em seus pais, num amigo, pois não lhe custa um centavo sequer. Lembre-se de dizer 'eu te amo' à sua (ao seu) companheira (o) e às pessoas que ama, mas, em primeiro lugar, se ame... se ame muito. Um beijo e um abraço curam a dor, quando vêm de lá de dentro. Por isso, valorize sua família e as pessoas que estão ao seu lado, sempre!!!!!

Ame-se = conheça-se, respeite-se e viva!

Fada Clara Luz

Li esses dias um texto de uma professora minha que trazia alguns trechos da hitorinha infantil da Fadinha Clara Luz e gostei muito!!! Acho que é interessante para pensar nas reflexões que estamos fazendo nas nossas aulas...
Separei apenas os trechos que estavam no texto mesmo e coloquei a bibliografia do livro da fadinha!!!
Espero que gostem...

Para pensarmos numa escola cheia de vida e trabalhos das crianças:

“Clara Luz era uma fada, de seus dez anos de idade, mais ou menos, que morava lá no céu, com a senhora fada sua mãe. Viveriam muito bem se não fosse uma coisa: Clara Luz não queria aprender a fazer mágicas pelo livro das fadas. Queria inventar suas próprias mágicas.
- Mas, minha filha – dizia a Fada-Mãe – todas as fadas sempre aprenderam por esse livro. Por que só você não quer aprender?
- Não é preguiça, não, mamãe. É que não gosto de mundo parado.
- Mundo parado?
- É. Quando alguém inventa alguma coisa, o mundo anda. Quando ninguém inventa nada, o mundo fica parado. Nunca reparou?
- Não...
- Pois repare só. (...)”

Para pensarmos no Agamenon e Seu Porqueiro:

“(...)
- Minha filha, hoje vem uma professora nova. Você vai ter a sua primeira aula de horizontologia.
- O que é isso?
- É saber tudo sobre o horizonte. As crianças lá da Terra aprendem geografia. As fadas aprendem horizontologia.
- Acho que vou gostar dessa aula.
O sininho da porta bateu: era a professora que vinha chegando. Clara Luz correu ao encontro dela.
- Bom dia! Estou louca para aprender tudo sobre horizontes!
- Que bom! Gosto de alunos assim entusiasmados.
A professora era uma fada muito mocinha, que tinha acabado de se formar em professora de fadinhas. Sabia horizontolologia na ponta da língua.
(...)
- Muito bem. Primeiro quero ver o que você já sabe. Sabe alguma coisa sobre o horizonte?
- Saber, mesmo, não sei, não. Mas tenho muitas opiniões.
- Opiniões?
- É, sim. Quer que diga?
- Quero.
- A minha primeira opinião é que não existe um horizonte só. Existem muitos.
- Está enganada. Horizonte é só um!
- Eu sei que todos acham que é só um. Mas justamente vou escrever um livro, chamado Horizontes Novos.
- Você vai escrever um livro?
- Vou. Eu acho que criança também pode escrever livros, se quiser, a senhora não acha?
- Acho, sim.
- Pois nesse livro eu vou dizer todas as minhas idéias sobre o horizonte.
- ... Por exemplo: eu acho que nós duas não devíamos estar aqui.
- Ué! Devíamos estar onde, então?
- No horizonte, mesmo. Assim, em vez da senhora ficar falando, bastava me mostrar as coisas e eu entendia logo. Sou muito boa para entender.
- Já percebi.
- Tenho muita pena das professoras, coitadas falam tanto!
- É verdade.
- Então, se está de acordo, por que não vamos para o horizonte já?
- Não pode ser!
- Por quê?
- Não sei se é permitido... Não foi assim que eu aprendi horizontologia no colégio...
(...)
E foram.

(...)
- Agora a senhora não quer dar uma espiada nos outros horizontes?
- Que outros, querida? Só existe um.
- Então olhe para lá!
A Professora, que só estava olhando para cá, concordou em olhar para lá, já que Clara Luz fazia questão.
E viu mais de dez horizontes, um depois do outro.
(...)
- Mas não é possível, Clara Luz! Será que não estamos sonhando?
- Claro que não. Está sonhando é quem só vê um. ... (...)”

(ALMEIDA, Fernanda Lopes de. A fada que tinha idéias. São Paulo. Ed. Ática, 26. ed., 2002)

25/06/2009

A concepção de trabalho

Olá pessoal,

Coloco pra vocês a citação completa sobre a qual conversamos na aula da semana passada. acho que dá o que pensar...


"Suponhamos que produzíssemos como seres humanos: cada um de nós se afirmaria duplamente em sua produção – a si mesmo e ao outro.
1. Em minha produção eu realizaria minha individualidade, minha particularidade; sentiria, ao trabalhar, o prazer de uma manifestação individual de minha vida, e, na contemplação do objeto, teria a alegria individual de reconhecer minha personalidade como força real, concretamente apreensível e escapando a qualquer dúvida.
2. No teu prazer ou no teu uso de meu produto, sentiria a alegria espiritual imediata de satisfazer, por meu trabalho, uma necessidade de um outro, o objeto de sua necessidade.
3. Teria consciência de servir de mediador entre ti, como um complemento a teu próprio ser e como uma parte necessária de ti mesmo, de ser reconhecido e sentido por ti como um complemento de teu próprio ser, aceito em teu espírito com em teu amor.
4. Teria, em minhas manifestações individuais, a alegria de criar a manifestação de tua vida, isto é, de realizar e de afirmar em minha atividade individual minha verdadeira natureza, minha sociabilidade humana.

Nossas produções seriam como espelhos nos quais nossos seres irradiariam um para o outro."


Karl Marx, Ouevres économiques, La Plêiade, t. II, p. 33
Citação retirada do artigo de Kiriaki Tsoukala (professor da Universidade Tessalônica) publicado no Dossiê Pedagógico 222, da Revista Lê nouvel Éducateur, de janeiro de 1991 (tradução de Ruth Joffily).

24/06/2009


Irresistível não compartilhar esta imagem!


Logo que sai do curso, abri uma revista e li o seguinte título: "Exercite sua Cuca". É claro que lembrei da nossa discussão de hoje sobre: o exercício de se expressar, de escrever, de questionar as verdades imposta e a nossa própria verdade.
Assim, resolvi compartilhar esta imagem muito bem humorada para vocês!

p.s:mantenha sua cuca sempre em forma, questione!

09/06/2009

Simultaneidade e Independência

Caros colegas,

Outro dia me vi pensando sobre a propenção à independência e ao individualismo dos alunos da escola tradicional, onde praticamente não há espaço para o compartilhamento de informações, idéias e aprendizado. Ou seja, na escola tradicional praticamente não há espaço para a solidariedade, onde cada um cuida de si para ser o melhor de todos. Começei a relacionar este individualismo à questão da simultaneidade do ensino e da aprendizagem na escola tradicional. Olhem só o meu pensamento sobre a simultneidade do ensino e da aprendiagem na escola tradicional: Como física que sou, embasada por um princípio da Física concluí que este modelo tradicional está realmente fadado ao fracasso do ponto de vista do ensino e da aprendizagem solidários. Aqui me refiro ao ensino e a aprendizagem em grupo em completa solidariedade e democracia, com constante troca de informações, idéias e avanços, tão importantes para a formação do cidadão para viver em sociedade, defendido e colocado em prática por Freinet. Um famoso princípio da Física enunciado por Galileu Galileu (Ele está na moda este ano por causa da comeração do Ano Internacional da Astronomia), chamado "Princípio da Independência dos Movimentos Simultâneos" diz basicamente que dois movimentos que acontecem simultaneamente necessariamente são independentes. Ele explica que como estes dois movimentos acontecem ao mesmo tempo não dá tempo de um movimento interferir no outro e por isto são necessariamente independentes. Assim, para Galileu simultaneidade acarreta independência. Agora, transportando estes pensamentos para o processo de ensino e aprendizagem simultâneos que acontece na escola tradicional. Se considerarmos o processo de ensino e aprendizagem como sendo o fenômeno que acontece simultaneamente, concluiremos então que este processo necessariamente será independente. O incrível é que a independência seria total: independência do processo de ensino do professor para com o aluno, independência do processo de aprendizagem de um aluno para com outro aluno. Ou seja, nenhum processo interferiria no outro por serem todos simultâneos. A aprendizgem de um aluno não poderia interferir na aprendizagem de outro pois acontecem ao mesmo tempo. Com isto, fica difícil pensar em ensino e aprendizagem solidários e democráticos, que pressupõe troca e compatilhamento contínuos o tempo todo. Então, o aprendizado em grupo fica difícil de acontecer na escola tradicional, utilizando esta análise embassada cientificamente no princípio enunciado por Galileu. Depois de pensar nisso tudo achei divertido achar talvez uma explicação científica para justificar a propenção à independência e ao individualismo dos alunos da escola tradicional.

04/06/2009

Considerações sobre a aula de interação com a argila.

Olá pessoal. Eu também pensei muito depois da nossa atividade de interação com a argila. Eu fui uma das alunas que não se sentiu detentora do poder de manipular alguém. Não me vejo com este poder todo. Nosso grupo se achou a água no processo de interação com a argila ao invés de ser a mão que a manipula e molda. Fomos questionados pelos outros grupos sobre quem seria a mão no processo então. Não tinhamos esta reposta naquele momento. Saí de lá pensando quem seria a mão no processo então. Dias depois me vi encontrando uma possível resposta para quem seria finalmente a mão no processo de interação com a argila, ou seja quem seria então o manipulador nato dela. Achei uma resposta que parece ter acalmado o meu interior. Para mim a mão que molda é o próprio conhecimento que está sendo construído pelo aluno. É o conhecimento construído a duras penas que realmente tem o poder de moldar o aluno. De fato o professor coloca um pouco de si no processo de moldagem, mas acho que é o conhecimento a verdadeira mão que molda o aluno. Penso que um aluno que estuda a obra de Machado de Assis com um talentoso professor de literatura é invadido por toda sorte de influências da obra do autor na construção de seu pensamento crítico e literário. O professor de literatura pode ter uma pequenina parte neste processo, mas bem pequena será esta parte por mais talentoso que seja o professor. No meu modo de pensar seria muita prepotência deste professor achar que moldou o pensamento crítico e literário deste aluno. Não seria o caso de atribuir o mérito da mão que ralmente moldou o pensamento crítico e literário deste aluno a quem realmente o merece? O próprio Machado é claro...