22/11/2009

Jornal de Parede - 18/11/2009

Fuçando na memória encontrei a seguinte frase que abre um texto do Jorge Larrosa que lemos no início do curso:

"A verdade é a verdade, diga-a Agamenon ou seu porqueiro.
Agamenon: De acordo.
O porqueiro: Não me convence."

Neste espírito (e neste corpo), felicito todos os porqueirinhos e porqueirinhas que desabrochamos no decorrer destes encontros!...

18/11/2009

LIVRO DA VIDA













Campinas, 14 de outubro de 2009.







Quarta-feira







Apresentação Grupo 1 - Adriana A., Ester, Fernanda, Isabel e Pâmela –







INSTRUMENTOS DE TRABALHO DA PEDAGOGIA FREINET




O grupo 1 iniciou a apresentação do trabalho sobre as técnicas da Pedagogia Freinet com uma dinâmica votada “no escuro” pela turma, para descontrair e “quebrar o gelo”.




Após a dinâmica, iniciamos a roda de conversa com as novidades da turma, foram abordados tais assuntos:




- Festa da Primavera no Curumim




- Cores dos alimentos (Dietas)




- Cor das pessoas (Preconceito)




- Aulas de Freinet na graduação




- Experiências com as “cabeças de batatas” ou “João Cabelão”




- Gripe H1N1




- Mobilização dos alunos de uma escola para fazer uma surpresa no dia dos professores




- Professores e alunos almoçarem juntos (sobra de alimentos, desperdício, compartilha de alimentos, etc.)




- SENAI – Educação Mecânica




Dentre todos os assuntos o que mais chamou a atenção da turma foi o dia dos professores, a valorização destes profissionais, a situação do ensino.




Algumas perguntas foram feitas a respeito disso:




- Por que o dia do professor é comemorado no dia 15 de outubro?




- Em outros países também é comemorado neste dia?




- Quem comemora e o que comemora?




- O que o professor tem a comemorar? Quem é o professor?




- O que lhe traz indignação?




Conforme, as dúvidas iam surgindo, hipóteses também eram levantadas pela turma.




Uma pessoa perguntou o significado da palavra professor, e comentou o significado da palavra aluno = sem luz.




A partir dessa discussão surgiu então um assunto do interesse de todos para realização de um projeto, que terá o nome definido mais tarde, conforme o andamento.




Para o desenvolvimento do projeto foram dadas algumas sugestões de ateliês:




1. ATELIÊ PARA ELABORAÇÃO DE UM QUESTIONÁRIO PARA PESQUISA




2. TEXTO LIVRE SOBRE O ASSUNTO




3. ARTE




4. CORRESPONDÊNCIA







Depois de decidido os ateliês cada um escreveu no plano de trabalho aquele que lhe despertou um maior interesse.




Os ateliês foram organizados e as pessoas iniciaram os trabalhos na sala:







Questionário/ Pesquisa – Maria Teresa, Adriano, Dulcelina, João, Adriana




Texto livre – Glaucia, Paula, Andressa




Artes – Thalita, Débora, Nádia e Marcela







O quarto ateliê correspondência ficou decidido que a Nádia e a Adriana irão mandar uma carta para o secretário da educação “Jorge Tadeu”




Ficou combinado então, que os trabalhos seriam realizados em casa também: “Lição de casa”. Responderemos ao questionário e postaremos no blog curiosidades pesquisadas.




Depois da produção dos alunos nos ateliês, fizemos uma roda final para compartilhar o que foi trabalhado de acordo com o pano de trabalho. O texto livre lido na roda nos levou a refletir ainda mais sobre o papel do professor e sua valorização. O grupo responsável por elaborar o questionário expôs as questões e sugeriram que a turma toda respondesse, além de fazer a pesquisa também com outros professores, as questões serão postadas no blog e as respostas poderão ser enviadas por email. Foi sugerido também que o grupo responsável pela apresentação fizesse a tabulação da respostas.




No ateliê de Arte foi construída uma maquete com alguns materiais disponibilizados (sucata, tintas, cartazes...) retratando o “Ateliês dos Educadores” que simbolizavam algumas das dificuldades encontradas na escola.

16/11/2009

É (Gonzaguinha!)

É!
A gente quer valer o nosso amor
A gente quer valer nosso suor
A gente quer valer o nosso humor
A gente quer do bom e do melhor...

A gente quer carinho e atenção
A gente quer calor no coração
A gente quer suar, mas de prazer
A gente quer é ter muita saúde
A gente quer viver a liberdade
A gente quer viver felicidade...

É!
A gente não tem cara de panaca
A gente não tem jeito de babaca
A gente não está
Com a bunda exposta na janela
Prá passar a mão nela...

É!
A gente quer viver pleno direito
A gente quer viver todo respeito
A gente quer viver uma nação
A gente quer é ser um cidadão
A gente quer viver uma nação...

É! É! É! É! É! É! É!...
É!
A gente quer valer o nosso amor
A gente quer valer nosso suor
A gente quer valer o nosso humor
A gente quer do bom e do melhor...
A gente quer carinho e atenção
A gente quer calor no coração
A gente quer suar, mas de prazer
A gente quer é ter muita saúde
A gente quer viver a liberdade
A gente quer viver felicidade...

É!
A gente não tem cara de panaca
A gente não tem jeito de babaca
A gente não está
Com a bunda exposta na janela
Prá passar a mão nela...

É!
A gente quer viver pleno direito
A gente quer viver todo respeito
A gente quer viver uma nação
A gente quer é ser um cidadão
A gente quer viver uma nação
A gente quer é ser um cidadão
A gente quer viver uma nação
A gente quer é ser um cidadão
A gente quer viver uma nação...

12/11/2009

CELÉSTIN FREINET









Bakhtin
Pistrak
Gramsci
Paulo Freire
Augusto Boal

06/11/2009

Nossa ùltima aula



Caros alunos,

Encerraremos o nosso curso em 18 de novembro de 2009.

Esperamos ter contribuído para que a formação profissional e pessoal de vocês se ampliassem.

Agora é a parte de vocês, que temos certeza será de estender a seus alunos os nossos propósitos e competências, realizando um esnsino de qualidade, uma educação cada vez mais democrática e aberta às diferenças.

Boa sorte e até o dia de nossa reunião de encerramento na Escola Curumim, às 19 horas.

05/11/2009

Conversando com a Débora

Fico muito feliz, Débora, com seus comentários! Fico intrigada e inquieta, também!
É muito bom, por um lado, pois temos um conflito real, e agora nos resta aprender com ele. Essa é a nossa matéria prima: vida, conflitos, afetos...
Se a Maria Teresa não tivesse dado uma "cutucada", não estaríamos discutindo e a sensação de "tudo cor de rosa" poderia criar uma falsa impressão em nós. Mas acho que é necessário esclarecer, que estávamos discutindo o como fazer para que todos participassem do blog de alguma forma. Na minha compreensão, jamais passou que não se pode escrever longos textos. O que estamos buscando é que, além dos textos longos ou curtos de cada um, tentemos colocar breves relatos, algumas impressões que expressem as ideias do grupo. Como no exemplo que dei ontem: poderíamos colocar as imagens dos autores estudados e um comentário do grupo. Nosso Livro da Vida pode avançar. É pelo diálogo franco e aberto que poderemos chegar a uma compreensão mais profunda de nós mesmos e da própria pedagogia que estamos estudando.
Um abraço pra você Débora e pra todos!
Gláucia

O depoimento da Carolina Spagnol

Não achei oportunidade de dizer ao grupo 2 (que apresentou seu trabalho no dia 28/10) o quanto foi emocionante para mim ouvir a Carol falar da sua experiência de ex-aluna Curumim.
Coloco aqui o poema que ela e seus colegas colocaram na camiseta de formatura deles, no ano de 1998!
isso de querer
ser exatamente aquilo
que a gente é
ainda vai
nos levar além
Paulo Leminsky

04/11/2009


Livre expressão

Freinet prega a livre expressão e foi com esse sentimento que fiz uso do blog durante o nosso curso.
O blog era o modo de eu me expressar e de forma livre, sem pressão. Não sou uma aluna que gosta de debater muito em sala. Prefiro escrever a falar. Aqui, tentava compartilhar com a turma o que algumas aulas tinham me feito refletir. Sim, são vivências, muitas vezes são biografias, mas não é da nossa vida que aprendemos? Pois é um pouco da minha vida que trago e com ela os meus conhecimentos para dividir com meus colegas. Aquilo que não disse em sala, escrevo aqui.
Se este não era o objetivo do livro da vida, simplesmente por parecer ser uma manifestação individual e não do coletivo... sinto não ter compreendido o sentido do instrumento... Mas pensei que aqui pudesse manifestar minhas impressões sobre as aulas e tentar com elas enriquecer o vivido, o vivido por todos, pelo coletivo.
Se o problema então foi o tamanho das postagens... Não sabia que blog se tratava de textos curtos... este não me deu limites de caracteres... E até enquanto escrevia, me sentia me expressando livremente e a minha liberdade incluia poder me expor como gosto e não como querem. Meu estilo de escrita é longo, poderia tentar, me esforçar por ser mais curta, mais direta... Mas me pergunto... pra quê? Se é para se adaptar a um modo de ver uma ferramenta... eu me nego... Ainda penso que o que está por trás, os princípios, ainda são muito mais importantes do que a ferramenta usada para eu me limitar a ela.
As vezes que postei aqui foi movida por vontade própria, não foi lição de casa que a professora passou. Era a autonomia minha que falava mais alto e me fazia escrever. Ao escrever livremente sem me prender a modelos e esteriotipos estabelecidos pelos homens do que seja um post de blog, eu estava buscando cooperar com o trabalho coletivo da turma com provocações e reflexões. E este meu trabalho feito assim me era prazeroso e significativo, por isso fazia.
Estavam ali todos os pilares do Freinet: autonomia, cooperação, livre expressão, trabalho.
Hoje, sai muito decepcionada de nosso encontro (obviamente, não pela apresentação do trabalho q esta estava simplesmente maravilhosa) e se fosse fazer um jornal de parede eu diria q eu critico a professora Maria Teresa pelo modo como falou, pois senti que todo o meu trabalho no nosso livro da vida não foi valorizado. Além disso, me senti reprimida, sem coragem de me manifestar no momento ainda pelo tom dela. Mais do que ter sentido o meu trabalho desvalorizado, senti que o livro da vida estava se tornando uma obrigação, praticamente um dever de casa q devíamos fazer simplesmente pq faz parte do curso, porque é nosso dever... Ali me perdeu todo o sentido de LIVRE expressão... Meu prazer morreu ali...
Pode parecer impressão minha e foi! Foi a impressão que me ficou! Em nossas palestras tanto do Guilherme quanto do Wanderley, para cd coisa que você fala, cd um que ouve interpreta e significa de um jeito. Essa foi a minha compreensão.
Se eu fosse escrever hoje um eu sugiro, suiriria para que se buscasse realmente ouvir os alunos que tanto ficaram insistindo em buscar outras ferramentas para nos comunicarmos, mas a professora se mantinha apenas e unicamente no blog (que sim, a turma reconhece o seu valor, mas não se adaptou ainda e pedia apenas por tentarmos ver se podiamos fazer uso de outra ferramenta para agregar ao nosso trabalho ou uma maneira alternativa de usar esta que se encaixe melhor a esta turma, pois, como discutimos, nem todas as ferramentas se aplicam da mesma maneira para todos... precisamos ir nos adaptando e adaptando as ferramentas... Freinet não é um livro de receitas pronto... é uma construção conjunta, construção q estávamos tentando fazer...)
Se eu fosse escrever um eu felicito, felicitaria a turma pelas apresentações tão ricas e criativas. Pelas vivências, as mensagens e pelo trabalho. E felicitaria as professoras por se proporem em nos oferecer o curso e compartilhar conosco um pouco de seus saberes sobre este educador encantador. E felicitaria tb a Nádia, a Marcela, a Talita dentre outros colegas q ou hj ou em ocasiões anteriores valorizaram meus posts, o que me encoraja em ainda escrevê-los.
E se eu fosse fazer uma pergunta... Perguntaria se fiz muito mal em fazer outro post imenso...
Desculpem, mas precisava me expressar e como disse (e dá pra reparar) sou mais escrever que falar...

29/10/2009

Painel (de 7,5m por 5m) feito por todos os alunos do 2o. ao 5o. ano da Escola Curumim.




O VERBO FLOR
Renato Rocha
O VERBO FLOR
É CONJUGÁVEL
POR QUASE TODASAS PESSOAS
EM CERTOS TEMPOS
DEFINIDOS
A SABER:
QUASE NUNCA NO OUTONO
NO INVERNO QUASE NÃO
QUASE SEMPRE NO VERÃO
E DEMAIS NA PRIMAVERA
QUE NO CORAÇÃO
PODERÁ DURAR
E SER ETERNA


QUANDO O CORAÇÃO CONJUGAR:
QUANDO EU FLOR
QUANDO TU FLORES
QUANDO ELE FLOR
E VOCÊ FLOR
QUANDO NÓS
QUANDO TODO MUNDO FLOR.

19/10/2009

Dizem que "o poeta é o que sonha o que vai ser real"... então aí está um sonho do poeta!

Um poema de Drummond

"Para Sara, Raquel, Lia e para todas as crianças".
Carlos Drummond de Andrade
Eu queria uma escola que cultivasse a curiosidade de aprender que é em vocês natural.
Eu queria uma escola que educasse seu corpo e seus movimentos: que possibilitasse seu crescimento físico e sadio. Normal
Eu queria uma escola que lhes ensinasse tudo sobre a natureza, o ar, a matéria, as plantas, os animais, seu próprio corpo. Deus.
Mas que ensinasse primeiro pela observação, pela descoberta, pela experimentação.
E que dessas coisas lhes ensinasse não só o conhecer, como também a aceitar, a amar e preservar.
Eu queria uma escola que lhes ensinasse tudo sobre a nossa história e a nossa terra de uma maneira viva e atraente.
Eu queria uma escola que lhes ensinasse a usarem bem a nossa língua, a pensarem e a se expressarem com clareza.
Eu queria uma escola que lhes ensinassem a pensar, a raciocinar, a procurar soluções.
Eu queria uma escola que desde cedo usasse materiais concretos para que vocês pudessem ir formandocorretamente os conceitos matemáticos, os conceitos de números, asoperações... pedrinhas... só porcariinhas!... fazendo vocês aprenderembrincando...
Oh! meu Deus!Deus que livre vocês de uma escola em que tenham que copiar pontos.
Deus que livre vocês de decorar sem entender, nomes, datas, fatos...
Deus que livre vocês de aceitarem conhecimentos "prontos", mediocremente embalados nos livros didáticos descartáveis.
Deus que livre vocês de ficarem passivos, ouvindo e repetindo, repetindo, repetindo...
Eu também queria uma escola que ensinasse a conviver, a coooperar, a respeitar, a esperar, a saber viver em comunidade, em união.
Que vocês aprendessem a transformar e criar.
Que lhes desse múltiplos meios de vocês expressarem cada sentimento, cada drama, cada emoção.
Ah! E antes que eu me esqueça:
Deus que livre vocês de um professor incompetente.

18/10/2009

Questionário

Olá, pessoal, tudo bem? A pedido da Dulce estou postando as questões pensadas no ateliê Questionário na semana passada! ;)

1 - O que você tem para comemorar no Dia do Professor? O que você comemorou no seu dia?

2 - O que lhe causa indignação em sua carreira?

3 - Você sabe porque o Dia do Professor é comemorado no dia 15 de outubro? Em outras partes do mundo o Dia do Professor é comemorado no dia 15 de outubro?

4 - O que me faz continuar sendo professor? Onde nasce esse desejo?

5 - O que você, como professor, tem feito para melhorar a qualidade do ensino?

6 - O que é ser professor hoje?

Novidade: Festa da Primavera na Escola Curumim

Fomos a Festa da Primavera na Escola Curumim, logo na entrada nos deparamos com algumas crianças mostrando para os pais o trabalho realizado por elas. A empolgação e entusiasmo da equipe toda (pais, professores, alunos) era nítida.
Visitamos as salas e os trabalhos dos alunos voltados totalmente para o interesse de cada um nos chamou muito a atenção, a cada sala um trabalho diferente e curioso com a cara dos alunos. Gostamos da forma como a escola se organizou para a apresentação dos trabalho desenvolvidos.
As idéias de projetos nos ajudou a buscar diferentes formas de trabalho.
Parabéns a todos!

Adriana e Pâmela

16/10/2009

Meus presentes de dia dos professores

Postei o vídeo que menciono em meu texto e que comentei com algumas pessoas temporariamente no link : http://www.youtube.com/watch?v=fX9HGjdgCIs
Coloquei lá para compartilhar só com vocês, por isso, deixarei só por uma semana. Depois terei que tirar por causa do uso da imagem das crianças.
Enfim, são 9 minutos que trazem várias razões para eu ir trabalhar feliz!
Quem tiver tempo, assista!

15/10/2009

Dia dos Professores

Depois da aula de ontem fiquei instigada com nossa discussão e resolvi fazer um texto que gostaria de compartilhar com vcs. Já aviso que meus textos são longos e este não é diferente. Quem se interessar por ler, espero que goste. Meu feliz dia dos professores para toda turma!
Dia do professor...

Este é o primeiro ano que posso comemorar este dia com carteira assinada por assim dizer. Minha carteira, entretanto, não me acusa como professora, mas me caracteriza como agente de educação infantil. Eu não estou me importando muito para o nome que me chamam...
Quando optei, ainda pequena, em ser professora eu me imaginava dando aula para crianças maiores, entre seus 8 a 10 anos mais ou menos. Queria ser uma professora que transformasse as aulas em momentos gostosos e prazerosos para que as crianças tomassem gosto por aprender.
Nunca me imaginei com crianças pequenas. Não sabia o que as ensinaria. Imaginava a dificuldade que seria elas não lerem, não escreverem... Era a última faixa etária que eu pensaria trabalhar.
Depois da minha ultra-rápida experiência no ensino fundamental, tive uma frustração enorme com o sistema e percebi que ali eu não me encaixaria. Acabei por prestar concurso para a educação infantil, mas mais por falta de opção do que por vontade própria. Prestei sem maiores pretensões e passei!
Comecei a ser monitora sem bem saber o que exatamente eu fazia. Não tinha a menor noção! O início era tudo novo e desconhecido, tudo muito nublado sem maiores sentidos. Eram várias crianças que eu me perguntava quando decoraria o nome de cada uma, o sapato, o copo, o caderno, a mochila... Crianças que não paravam de chorar, que para dormir era uma luta. Crianças que dependiam muito de mim para ir ao banheiro ou para trocar a fralda, para se servir e comer, colocar o sapato, tirar o caderno... Era tanta coisa nova acontecendo que querer parar para respirar já era difícil, quem dirá ter o luxo de refletir sobre o trabalho. No corre-corre, a gente só vê os problemas que berram (inclusive literalmente) na nossa frente e nos faz pensar: com certeza não trabalharia como agente de educação infantil por muito tempo. Pensar em terminar o probatório era praticamente uma piada.
Hoje, muita coisa já mudou!
Já não sou mais a mesma menina de anos atrás. Não é que eu tenha abandonado meus sonhos, eles apenas mudaram um tantinho, porém a essência é a mesma. Já não me vejo ensinando matemática, português ou conteúdos sistemáticos do gênero. Além de ver que não me encaixaria no sistema, também percebi que há coisas muito mais importantes para ensinar do que conteúdos do tipo. Entretanto, continuo apaixonada por educação! Só que valorizo mais uma educação de valores e atitudes. Conteúdos são até importantes, mas se encontram facilmente aos montes, ainda mais na era da internet. Contudo, valores e atitudes não. Esses, livros não ensinam, da internet não podemos fazer download... É preciso de modelos e de práticas.
Quando parei para refletir sobre a minha profissão de monitora, tudo me fez mais sentido. Percebi que nos meus dias com as crianças eu as estava educando-as e muito, não porque lhe ensinara cores, números ou outros conceitos afins, mas estava educando-as através da minha conduta.
Confesso que só fui ter real noção do quanto minha pessoa era importante para aquelas pequenas crianças quando por uma infelicidade ou felicidade fui temporariamente afastada da minha turma. A gente só valoriza quando perdemos, só conseguimos enxergar direito quando nos afastamos.
Sempre soube (e muito por experiência própria) que quanto mais você gosta de uma pessoa, mais você a considera e, portanto, maior é a responsabilidade dela como exemplo para você. E quando me afastei da minha turma, percebi o quanto eu era importante para elas, o quão grande era o carinho que tinham por mim. Logo, quão grande era a minha responsabilidade.
Crianças pequenas estão começando a aprender a viver em sociedade. E esta é a arte mais importante que podem aprender, pois precisarão dela para o resto de suas vidas. Como monitora, posso ajudá-las nessa construção dando lhe limites e muito carinho, pois é disso que se trata o viver em sociedade. Não podemos fazer o que bem queremos, quando queremos, pois em sociedade nossa liberdade termina quando começa a do outro, logo, nossa liberdade tem limites. Ao mesmo tempo, para viver em sociedade devemos amar ao próximo, isso envolve respeito e consideração que ensinamos através do carinho.
Outro dia fui encarregada de fazer um filme sobre as crianças da escola. O que num momento foi um encargo pesado e de alta responsabilidade para ser feito num curto espaço de tempo, o resultado foi um enorme olhar da nossa realidade. Sei que há muito o que reclamar na minha vida profissional. Não somos valorizados pela sociedade, somos testados todos os dias por nossas crianças, nosso salário é melhor nem comentar... Mas quando revejo o filme que fizemos não vejo profissão mais gratificante e importante que a minha!
As pessoas mais significativas de nossa vida são aquelas que nos ensinaram com sua conduta e seus exemplos, pois pessoas são mais marcantes do que informações. Sei, entretanto, que minhas crianças são pequenas e podem vir a se esquecer da minha fisionomia, do meu nome, mas tenho certeza que a influência que exercemos em algum lugar ficará registrada. E essa marca lhe será muito importante, apesar de talvez inconsciente, e em nenhuma outra profissão poderíamos contribuir com uma marca maior e de valor inestimável. É certo que marcamos as crianças, positiva ou negativamente, e por isso nossa profissão não é assim tal fácil. Mexemos com vidas e com vidas em início de sua construção não há responsabilidade maior.
Sei que minha profissão enfrenta problemas, mas não quero mais abrir mão dela, pois se um dia meu sonho foi contribuir para melhorar o mundo e o mundo é feito por pessoas e estas se constituem pela educação; não há profissão melhor para realizar meu sonho do que na proximidade de ser monitora e poder estar ao lado das crianças dia-a-dia ensinando-as a conviver através das relações de muito carinho e limites necessários que vamos construindo com cada uma e que torna cada uma especial e os melhores presentes para comemorar o dia do professor!

TEXTO LIVRE – PAULA, ANDRÉIA E GLÁUCIA

Dia do Professor... um dia para comemoração ou um dia de indignação?

Hoje, quarta-feira 14/10/09, em nossa roda de conversa foi levantada por uma das colegas a seguinte questão: Por que em algumas redes de ensino os professores não podem compartilhar com os alunos o momento da refeição? E dessa questão surgiu ainda uma outra: Por que as empresas terceirizadas proíbem os professores de comerem os alimentos que elas oferecem aos alunos?
Ninguém soube responder a elas. Mas... levantamos algumas hipóteses.
Essa política parece partir do princípio que os professores irão beneficiar-se particularmente da oferenda. Além disso, promove uma separação hierárquica entre o professor e as crianças, isto é, aquele supervisiona e essas obedecem.
Outra colega também trouxe para esse momento de reflexão o exemplo de uma multinacional, na qual os funcionários usufruem não somente de uma farta alimentação dentro da empresa, mas também de espaços apropriados para cuidar do corpo e se exercitar antes do expediente. Por trás disso, supomos que se encontra uma ideologia de empresa de tratar bem seus funcionários, pois se eles estão felizes e satisfeitos, reconhecidos nas suas necessidades, trabalham melhor.
Agora, voltando para a escola e comparando-a com esse exemplo, como ela trata o seu funcionário, que são os professores e todos os outros educadores?
Pensando nessa situação, o que aprendem, os professores e os alunos, desse modo hierarquizado e separatista das relações dentro da escola?
Além disso, o que aprendem as crianças quando os professores são colocados sob suspeita e vigilância? Será que esses professores irão roubar comida das crianças? É assim que a sociedade vê os professores?
Então, o que vamos comemorar?

Contribuições da turma para o Texto Livre...

- A figura do professor está desvalorizada em qualquer lugar, não somente na rede pública de ensino.
- Precisamos nos precaver fazer comparações entre uma empresa privada e a escola.
- Um dos motivos porque o professor não pode comer na escola é que ele recebe Ticket Alimentação.

14/10/2009

Pesquisa rápida

Você sabe como surgiu o Dia do Professor?

O Dia do Professor é comemorado no dia 15 de outubro. Mas poucos sabem como e quando surgiu este costume no Brasil.
No dia 15 de outubro de 1827 (dia consagrado à educadora Santa Tereza D’Ávila), D. Pedro I baixou um Decreto Imperial que criou o Ensino Elementar no Brasil. Pelo decreto, “todas as cidades, vilas e lugarejos tivessem suas escolas de primeiras letras”. Esse decreto falava de bastante coisa: descentralização do ensino, o salário dos professores, as matérias básicas que todos os alunos deveriam aprender e até como os professores deveriam ser contratados. A idéia, inovadora e revolucionária, teria sido ótima - caso tivesse sido cumprida.
Mas foi somente em 1947, 120 anos após o referido decreto, que ocorreu a primeira comemoração de um dia dedicado ao Professor.
Começou em São Paulo, em uma pequena escola no número 1520 da Rua Augusta, onde existia o Ginásio Caetano de Campos, conhecido como “Caetaninho”. O longo período letivo do segundo semestre ia de 01 de junho a 15 de dezembro, com apenas 10 dias de férias em todo este período. Quatro professores tiveram a idéia de organizar um dia de parada para se evitar a estafa – e também de congraçamento e análise de rumos para o restante do ano.
O professor Salomão Becker sugeriu que o encontro se desse no dia de 15 de outubro, data em que, na sua cidade natal, professores e alunos traziam doces de casa para uma pequena confraternização. Com os professores Alfredo Gomes, Antônio Pereira e Claudino Busko, a idéia estava lançada, para depois crescer e implantar-se por todo o Brasil.
A celebração, que se mostrou um sucesso, espalhou-se pela cidade e pelo país nos anos seguintes, até ser oficializada nacionalmente como feriado escolar pelo Decreto Federal 52.682, de 14 de outubro de 1963. O Decreto definia a essência e razão do feriado: "Para comemorar condignamente o Dia do Professor, os estabelecimentos de ensino farão promover solenidades, em que se enalteça a função do mestre na sociedade moderna, fazendo participar os alunos e as famílias".

Dia do Professor em outros países:
Estados Unidos: National Teacher Day - na terça-feira da primeira semana completa de Maio.
World Teachers’ Day - UNESCO e diversos países - 5 de Outubro
Tailândia - 16 de Janeiro
Índia - 5 de Setembro
China - 10 de Setembro
México - 15 de Maio
Taiwan - 28 de Setembro
Argentina - 11 de Setembro
Chile - 16 de Outubro
Uruguai - 22 de setembro
Paraguai - 30 de Abril

http://www.portaldafamilia.org.br/datas/professor/diaprof.shtml

12/09/2009

A responsabilidade em viver a vida

As palavras do professor Wanderley Geraldi trouxeram várias reflexões interessantes para repensarmos nossas próprias vidas através da análise feita de como três grandes pensadores: Freinet, Freire e Baktin - se aproximam.
Somos seres frágeis e incompletos. Não temos controle dos dias mais importantes de nossas vidas: nosso nascimento e nossa morte. Não escolhemos nem o dia de um e nem do outro. Não nos lembramos do dia em que nascemos e nunca teremos ciência de nossa própria morte. Só quem nos cerca é quem poderá dizer como foi nosso nascimento ou poderá concluir que morremos. Não temos nem a capacidade de ver nossa própria imagem e nem ouvir nossa própria voz como são. Podemos ver um reflexo, uma foto, ouvir uma gravação; mas para tudo isso precisamos de algo intermediando o processo, desprovido deles, não temos acesso a nós mesmos. Os melhores presentes que podemos ter também não podemos nos dar, apesar de serem gratuitos. Não podemos ver nosso sorriso, sentir nossos abraços. Somos, portanto, dependentes, precisamos dos outros. São os outros que nos vão ver e nos vão dar o que não podemos ter por nós mesmos. É nos outros que podemos buscar uma maior completude própria, pois só os outros possuem um excedente de visão de nós.
O outro nos é tão importante que é através dele que vamos construindo a nós mesmos. Só devido a relação que estabelecemos com o outro é que vamos estabelecendo, mudando e transformando a nossa consciência, a nossa personalidade. Passássemos nossa vida sem nos relacionar com os outros, não desenvolveríamos a linguagem, nem nosso pensamento e pouco teríamos que nos pudéssemos chamar de ser humano. O ser humano é essencialmente fruto do coletivo, da história e da sociedade.
Se somos seres essencialmente sociais, nada mais coerente de aceitarmos esse fato humildemente e primar pelo outro em relação ao eu, pois sem o outro, somos ninguém. E isso, os três pensadores fazem muito bem ao se preocuparem em seus pensamentos e práticas com o próximo e, por terem essa preocupação, agem com dignidade da prática humana que implica numa responsabilidade em seus atos.
Eles tinham essa noção de responsabilidade como definição de ética. Entretanto, para nós isso nem sempre é claro. Devíamos ter uma consciência maior do que implica sermos seres sociais que dependem de uma vida coletiva. Quando dizemos que dependemos dos outros para sermos quem somos, significa também que o outro depende de nós o que nos torna responsável não apenas por nós, mas também por quem nos cerca.
Nossos atos são reflexos de nossa própria história que por sua vez tem grande influência dos atos de quem fez parte desta história. Portanto, tais pessoas que nos influenciaram são responsáveis por tais atos nossos. Por nossa vez, o modo como significarmos nossas próprias ações poderá interferir na resposta que o outro dará ao que fazemos, o que nos faz sermos responsáveis pelo significado que damos e, por conseqüência, pela resposta alheia. Logo, somos todos responsáveis por nós mesmos e pelo outro.
Se em nossa vida há tamanha reciprocidade por essência humana, faz-se fundamental valorizarmos a dialogia, o diálogo que não é uma busca em que duas pessoas tentam anular uma a outra, ao contrário, é uma relação de enriquecimento mútuo onde saímos sempre carregando um pouco do outro e deixando no outro um pouco de nós.
Nossa vida é, portanto, feita pelas pessoas com as quais cruzamos em nosso caminho e contada pelos acontecimentos. Estes não são simplesmente tudo o que acontece em nossa vida, mas tudo o que nos acontece. Muitas coisas acontecem em nossa vida, mas nem tudo o que acontece nos marca. De tudo o que vivemos, apenas parte percebemos e o resto nem notamos apesar de termos estado ali presentes. E desta parte que percebemos, nem tudo será digno de nossa recordação. Apenas aquilo que nos aconteceu de verdade, que mexeu conosco em sentimento e alterando nosso ser com maior significado é que poderá ser chamado de acontecimento se tornando mais um capítulo de nossa própria história. Quanto mais acontecimentos acumularmos, sinal que mais intensamente estamos vivendo nossa vida.
Faz-se interessante pensar também que o modo como vivemos nossa vida hoje é determinado por aquilo que queremos para o nosso futuro. Ao refletirmos desta maneira se torna mais possível e entusiasmador buscarmos mais acontecimentos para enriquecer nossa vida. Isso porque nos vemos como agentes de nossa vida e não como prisioneiros de nosso passado. Não significa dizer que devemos ignorar nosso passado como se ele não tivesse importância em nosso ser. Nosso passado é o grande responsável por quem somos e ele traz consigo nossas condições e um gama de lições que podem nos auxiliar em nossas futuras decisões. Porém, devemos agir hoje pensando em sermos melhor, nisso o passado pode nos auxiliar, mas é o futuro que queremos para nós que nos deve guiar. E este futuro é desconhecido, não está determinado, podemos sonhar e imaginar como quisermos e nos planejar para alcançarmos. Ao priorizarmos o futuro quando pensamos em nossas ações no presente ao invés de simplesmente nos prendermos ao passado, nos tornamos livres e por sermos livres, somos mais uma vez responsáveis.
Enfim, nossa vida é mais plena quando assumimos a responsabilidade em vivê-la e é mais digna quando assumimos que também somos responsáveis pela vida alheia. Certamente os três pensadores que foram pano de fundo para tantas reflexões em uma aula de puro enriquecimento pessoal tiveram suas vidas plenas e dignas pois, mais do que pensadores foram verdadeiros humanistas.

01/09/2009

Pequeno balanço antes mesmo da gripe suína...

O texto de Julia Varela veio para coroar o encerramento das primeiras aulas do nosso curso de extensão. Antes mesmo de lê-lo, iniciei uma reflexão sobre tudo que vimos, discutimos e destaquei a desconstrução do que entendemos por escola como o raciocínio de maior importância na prática docente, pelo menos para mim. Diria que isso é mais do que um raciocínio, é um exercício constante que tento vivenciar dia após dia.
Fui educada em escolas marcadas pela “pedagogização do conhecimento” e pelo “disciplinamento interno dos saberes”. Desconstruir essas duas expressões, que a princípio são como pilares dessa educação submissa da qual participei, está sendo um desafio, principalmente porque agora, colocando-me do lado do magistério, me pego reproduzindo ações sem nenhuma reflexão anterior, porque quando me foram transmitidas foi dessa forma que elas vieram: prontas, consideradas “verdades absolutas”, sem contestação alguma de minha parte. Preciso superar as barreiras históricas da construção da escola, me distanciar e estranhar de tudo que aprendi, porque, como Varela explica muito bem, “nosso relativo êxito escolar nos incita a reproduzir o adquirido, a transmitir saberes descontextualizados, saberes formais e ocos, como se fossem o único e verdadeiro saber legítimo”.
Agora me pergunto: será que fui realmente educada? Ou melhor, que tipo de educação recebi? E ainda: Isso seria educação? Que tipo de educação defendo atualmente? Depois de algumas dinâmicas, leituras e discussões, tenho muitas dúvidas e incerteza, mas minha vontade é clara e quero oferecer aos meus alunos aquilo que não foi me oferecido: a possibilidade de refletir a vida, refletir a cidadania.

NOVIDADE: Meu primeiro dia de estágio na Curumim

Minha novidade da quarta passada foi minha primeira participação em uma das aulas da Curumim. Fiquei com a Turma do Feijão Mágico, que é formada por crianças de 2 a 4 anos, no período da tarde. Foi uma experiência muito enriquecedora, sai de lá cheia de idéias, questionamentos, dúvidas e com muito pique para a mudança. Também sai decepcionadíssima com meu Livro da Vida, rs. Frustrações a parte, não é fácil pra ninguém tirar um período da semana para estágio, mas eu afirmo: VALE MUITO A PENA!

31/08/2009

Olá freinéticos!
A minha novidade da semana, que na verdade já não é novidade para os que estavam na última aula, é a seguinte:
Trabalho em uma sala de berçário no CEMEI Isaura Roque Quércia, em Campinas, com crianças de 3 a 12 meses. Por conta da gripe H1N1, trabalhamos um período na creche sem a presença das crianças, ao retornarem, para nossa surpresa, os bebês já estavam andando, porém, simultaneamente também mordendo, o que provoca um clima de tensão para os profissionais, angustia para os responsáveis e dor para as crianças.
Ester

28/08/2009

As minhas primeiras descobertas com o curso

Este relatório foi solicitado pela Profa. Gláucia para ser entregue no início de julho.

Procuro relatar aqui os meus pensamentos depois destas cinco primeiras aulas do curso de Pedagogia Freinet ministrado pela Profa. Gláucia de Melo Ferreira da Escola Curumin e pela Profa. Maria Teresa Mantoan da Faculdade de Educação da UNICAMP. Começo este relato apresentando uma tela do Magritte (acima) que gosto muito e que transcreve, pelo menos para mim, uma das primeiras discussões do nosso curso, que envolvia as perguntas: O quê fomos?, O quê somos? e Para onde vamos?

Dentre as várias interpretações possíveis sobre esta tela, uma delas está relacionada ao fato de que o que vemos, e portanto o que somos, é fruto do que fomos, ou seja, do nosso passado. Afinal o presente é efêmero demais e o futuro incerto demais e não poderiam contribuir para o que somos. Esta interpretação também me ajuda a descrever o meu primeiro avanço no curso, que foi a desconstrução do que eu acreditava ser a poderosa escola “tradicional”. Não percebia eu como a idéia desta escola “tradicional” forte e imutável estava impregnada em meu ser. Ser este construído com uma história de vida inserida neste modelo de escola “tradicional”. Afinal o que sou é fruto do que fui, por onde passei e vivi. Quando discutimos o fato de que este modelo “tradicional” não é tão antigo assim e que é um modelo fruto da necessidade da sociedade da época e portanto concluímos que não é um modelo tão forte e tão imutável, eu me senti expurgando o meu primeiro demônio. Senti-me mais leve e por que não dizer mais pura depois deste exorcismo. Esta pureza me fez estar mais pronta para as novas discussões e descobertas. As novas descobertas sobre algumas das ferramentas de trabalho da Pedagogia Freinet, bem como alguns dos fundamentos desta pedagogia muito me encantaram e entusiasmaram e continuam a me encher de idéias. Precisa estar mais leve e mais puro para conseguir entender que “deixar a vida entrar na sala de aula, como dizia Freinet” não significa simplesmente levar os alunos para fazer estudos do meio e pedir posteriormente um trabalho sobre o assunto abordado. É preciso exorcizar muitos demônios para se sentir à vontade com a ausência das verdades dominantes e pensar o trabalho do educador calcado na cultura das incertezas e deixar a vida invadir de verdade o espaço que cerca o mundo educacional. Não posso deixar de citar também outra descoberta que me consumiu dias a fio. A Profa. Maria Teresa Mantoam disse numa aula que: “conhecer o aluno é algo muito mesquinho”. Esta frase me pegou de cheio. Passei dias pensando nela e descobri que é mesmo muita prepotência achar que o professor tem a habilidade de conhecer profundamente os alunos através do conhecimento de fatos de suas vidas privadas e que estes fatos seriam preponderantes na sua relação com o aluno. Estes pensamentos me mostraram que eu não entendia realmente a relação do professor com o aluno, pois esta relação de forma alguma seria uma relação pessoal ou uma relação analista-paciente. Acredito enxergar um pouco mais agora que a relação do professor com o aluno é mais uma relação intensa do tipo companheiros de trabalho na saúde e na doença, na alegria e na tristeza para criar e construir pensamentos e coisas, crescendo e vivendo juntos no tempo que a vida nos dá. Agora vejo que é mesmo um consenso que de nada valem os fatos da vida cotidiana de cada um, seja professor ou aluno, pois temos é que ser capazes de interagir e de se relacionar apesar das inquietações da nossa vida. Afinal nosso objeto é muito maior do que fatos, mas é o conhecimento. Certamente é ele que nos levará a entender o que fomos, o que somos e para onde vamos. Magritte tentou sugerir algumas respostas na sua tela, mostrando também o olhar para si mesmo. Precisamos agora é começar a pintar a nossa tela.

01 de Julho de 2009

27/08/2009

A garantia de se fazer ouvir

Na última aula apresentei a minha novidade da semana sobre procurar deixar os meus alunos se manifestarem um pouco mais durante as aulas de Física que ministro. Estes são alunos agitados do ensino médio que me dão um trabalhão para manter uma certa ordem para quer os conceitos da Física possam ser trabalhados. Porém, andei percebendo que proibí-los de interferir durante a aula, deixando que façam isto somente num determinado momento que eu julgava conveniente poderia bloqueá-los de contribuir, promovendo a falta de interesse. Passei a procurar ouví-los um pouco mais na hora em que eles me solicitam, mesmo que interrompa a aula. Afinal o momento que solicitam ser ouvidos é o momento que julgam importante serem ouvidos, embora em alguns casos a fala não contribua para a aula. Certamente eles tem muito o que falar e contribuir para a aula. Muitas vezes quando não deixo os alunos falarem no momento em que solicitam e posteriormente solicito que falem, eles desistem de falar. Esta desistência me frustava em demasia. Me sentia uma homicida da pior espécie... Agora estou relevando mais e deixando que eles falem. Esta foi a minha novidade da semana.

25/08/2009

Campinas, 01º de Julho de 2009.

Curso de Extensão: “Pedagogia Freinet: vida e cidadania na escola”.

Trazendo à tona recordações teóricas e afetivas vivenciadas nestes nossos encontros às quartas feiras, pretendo aqui registrar meu apanhado de forma bastante solta apesar da configuração textual em Times New Roman número 12 espaçamento em 1,5 cm.
Nesta história, quem primeiro dá as caras são aqueles homens, mulheres e crianças que produziram artesanalmente seus próprios instrumentos de caça e pesca, não por acaso hoje reduzidos à peça decorativa. O trabalho se traduzia em objeto artístico impregnado de sentido. A arte...
Hoje, eu estudo, eu lido com a burocracia, eu tenho minha mesa de trabalho cuja madeira sabe lá Deus de onde veio! E eu ganho dinheiro! Quem construiu essa mesa não foi um carpinteiro. Essa mesa pode ser igual à mesa do meu colega, do meu colega e de meus colegas, e quem a construiu nem sequer o imagina, pois do todo, foi responsável apenas por uma parte do pé. Esse porqueiro
[1] que fez parte da referida mesa, ou dessa mesa mesma que está agora sob o computador que vos traduz os dígitos; esse porqueiro, ele trabalha com os braços, ele não ganha dinheiro...
À grosso modo, quero ilustrar parte de um processo que eu posso identificar de alguma forma como uma divisão social do trabalho, em que teoria e prática se desvinculam de sua intimidade para se vincularem por uma relação de poder e valorização de uma sobre a outra, numa relação de subordinação, contradição e opressão.

Agora, nos perguntemos: e o papel dos educadores e educadoras inseridos e inseridas nas nossas escolas ditas tradicionais ou não tradicionais?

Em seus questionamentos finais do capítulo entitulado “O estatuto do poder pedagógico”[2], Juliana Varela apresenta em primeiro lugar a proposição do que fazer para articular teoria e prática. Pois bem, se pensarmos em nossa história podemos notar que nossos avós e bisavós lidavam bastante com um saber conjugado à prática, planejando como seria o sistema de escoamento da água da chuva, por exemplo, e colocando este plano em prática, fazendo daquilo uma engenhoca artística. Essas são nossas raízes?
Nós, hoje, estamos cada vez mais inseridos na lógica da valorização do trabalho intelectual sobre o braçal, situação esta otimizadíssima quando iniciamos nosso contato com a escola tradicional, naqueles moldes que discutimos em nosso primeiro encontro, y hasta ahora buscamos desconstruir. Surge alguma idéia propositiva para exercermos a educação de forma libertária e viva?
Ora, que tal eu buscar e fortalecer as minhas raízes e fazer disso uma prática coletiva, alicerce para forjarmos um outro mundo possível? Acredito que a arte tem a força, a substância e a doçura de nos devolver a possibilidade de nos transformarmos em seres humanos humanos (isso já não é uma redundância...). E que fique claro que não se trata de resgatar tradições arcaicas e impô-las no contemporâneo, mas é, em uma das fatias, significar-se... Também vale dizer que estou pensando a arte aqui neste sentido de produzir com significado, trazendo à tona a intimidade da teoria com a prática. Tenho esta impressão dos ateliês pensados e executados pelo Freinet. Pretendo estudar os livros desta pessoa com maior profundidade; apresenta-se-me bastante criativo, inovador e politizado.
Bem, por hora, aqui se finda minha expressão (ou meu expressinho!).

Thalita Camargo Angelucci


[1] Alusão ao texto “Agamenom e seu porqueiro”, In: Pedagogia Profana, Jorge Larrosa, 1999.
[2] Texto de Júlia Varela, 4º capítulo do livro "O sujeito da Educação - Estudos Foucaltianos”, organizado por Tomaz Tadeu da Silva, Editora Vozes, R.J., 2005.

21/08/2009

Balanço de Conhecimentos

Por que procurar novas idéias, novos conhecimentos, novas teorias, novos caminhos? Quando paramos para refletir sobre as coisas sentimos essa necessidade de procurar coisas diferentes, a fim de nos satisfazermos nossos desejos de saber sobre elas, o porquê e para que delas. Como futura professora, me vi frente a uma escola em crise, isto é, uma escola sem motivação, sem sentido, sem vida. Mas como poderia atuar numa escola dessas sem rever minha concepção de educação, do que é a própria escola, do que essa escola significa para mim e para as crianças e, acima de tudo, sem pensar em como eu poderia atuar nela?
Tive que procurar alternativas, desconstruir velhas idéias e construir novas. A Pedagogia Freinet está trazendo muitos elementos importantes nesse processo. Estamos repensando conceitos como “ensinar”, “aprender”, “trabalhar na escola”, entre outros. Além disso, pudemos primeiramente desfazer a imagem da escola tradicional para refazê-la, mas pensando numa outra escola, uma escola construída por elementos que nos fazem sentido e que são parte da nova concepção de educação a que estamos tentando dar forma, ainda que essa forma seja um pouco deformada e constantemente modificada por novos questionamentos, novas desconfianças e novas idéias.
Discutimos sobre como a escola tradicional tenta fazer com que os seus alunos aprendam, ou seja, trata-os como “objetos” onde se podem colocar as idéias de forma simples, mecânica, ou como diz Paulo Freire, bancária, depositando-as na cabeça desses alunos. Questionamos esse posicionamento e nos perguntamos: quando o aluno aprende algo e como faz isso? Então pensamos em outras possibilidades de educação.
O que motiva o ser humano a querer aprender e conhecer algo é uma dúvida, uma pergunta. Assim, os alunos tem suas perguntas e essas perguntas os motivam a procurar respostas, procurar conhecimentos. O professor deveria estar auxiliando, quando preciso, nesse caminho em que o aluno procura conhecer. Discutimos que suas perguntas podem levá-lo aos saberes ou conhecimentos já produzidos pela humanidade ou a formular suas hipóteses. Esse processo de interrogar, formular hipóteses, procurar respostas pode levar o aluno a produzir um trabalho. Freinet é partidário da educação pelo trabalho, isto é, esse trabalho que é fruto de um processo de busca e produção de conhecimentos.
Essas idéias provocativas são importantíssimas para revermos nossos próprios ideais e nossas formas de trabalhar e/ou pensar a educação. Juntamente com isso, fomos mais uma vez provocamos e interrogados quanto às nossas verdades e à nossa realidade com as palavras de Agamenon e seu Porqueiro. Afinal, que verdades são essas, e talvez mais importante ainda, DE QUEM são essas verdades?
A verdade é poderosa, ela nos induz a fazer o que ela quer, a ser o que ela quer, pensar o que ela quer. Esse QUEM a quem pertencem as verdades, as usa como objeto de dominação, repressão quando caímos em suas ciladas. Discutimos que talvez seja melhor viver nas “incertezas” do que cair na mentira da verdade, pois essa verdade pode ser perigosa.
Na escola, a vida aparece quando deixamos as pessoas se manifestarem como elas são, e não quando são induzidas a ser ao reinarem as verdades. Penso que todos nós temos nossas idéias, nossos valores e sempre estamos aprendendo e construindo esses. Se deixarmos que as diferenças se manifestem na escola, a vida e a diversidade estarão presentes e os modos de pensar e ver o mundo estarão se relacionando, trocando experiências e crescendo.
Nosso curso segue esse caminho...

13/08/2009

Criança: esse ser enigmático

Criança é um ser enigmático.
Eu acho incrível, podemos estudar a infância sobre todos os pontos de vista: psico, historico, social, biológico... e elas sempre vão nos surpreender e ser eternos desconhecidos. Porém, o que me é mais incrível é como elas conseguem ser tão desconhecidas para nós, quando todos nós, sem excessão, já fomos crianças.
Sempre me perguntei porque as memórias dos meus primeiros anos de vida eu não consigo recordar... Por que isso acontece se quando eu era um bebê eu reconhecia, por exemplo, pessoas mesmo depois de um tempo sem as ver. Memória eu tinha! Então, por que as esqueci? Minhas primeiras lembranças que são bem, mas bem vagas me remetem aos meus 3 anos de vida. E antes, por que nem lembranças vagas eu tenho? Já me perguntava isso quando tinha uns 10 anos e ai podiam responder que era porque havia passado muito tempo e por isso o esquecimento... Mas se hoje, depois de mais tempo do que uma década, eu ainda lembro de muita coisa dos meus 10 anos, lembranças não são uma mera questão de tempo... Resta a hipótese que a memória vai se aprimorando com o tempo, porém ainda me instigo ao pensar nas lembranças que não tenho.
Eu me questiono, o que será de tão especial e sigiloso que as crianças, em especial as pequenas, sabem que nós não podemos saber. Eu me pergunto se cometemos algum erro ao crescer e somos "punidos" com o esquecimento de tais conhecimentos especiais. Como se comêssemos a maçã e fôssemos expulsos do paraíso. Pode ser apenas uma questão de memória que ainda está aprendendo a guardar as coisas por mais tempo, contudo, ainda acredito que há saberes especiais que só elas sabem!
Fico curiosa, por exemplo, imaginando como os bebes pensam. Para mim é tão natural pensar por palavras que não imagino como as crianças antes de falar elaboram seus pensamentos. O que eu acho mais incrível ainda é que sem ter palavras para elaborar pensamentos, elas conseguem aprender a nossa linguagem. Elas são mais inteligentes do que nós que só sabemos pensar por palavras...
Tantas vezes subjulgamos esses pequenos, mas no fundo eles são muito mais espertos que nós. Trabalhando com crianças de 2 e 3 anos de idade (o fim daquela fase que eu de nada lembro), muito me surpreendo. Há alunos que na escola são mudos, nada falam. Passam o dia sem pronunciar uma frase ou, quando as pronunciam é com seus colegas, não conversando com os educadores. Entretanto, quando chegam em casa não param de falar... Qual será a razão do silêncio com a gente? Uma defesa, uma estratégia que só sendo muito esperto para fazer uso. Outra criança, uma dessas que nada falava (mas esta não falava nem na escola e nem em casa), de um dia para o outro, começou a falar e com uma dicção ótima. Como, eu acho que não entenderia. Para mim, a explicação está na magia que a infância esconde e nos fez esquecer.
As crianças são muito mais espertas do que a gente. Elas aprendem com maior facilidade e aprendem brincando. Nós dificultamos a aprendizagem, fazemos dela sofrimento conseguindo só após trabalho árduo. Por isso crianças são mais felizes.
Porém, devemos ser invejosos e vingativos e, porque nos fizeram crescer, também queremos fazer com que as crianças cresçam e cada vez mais rápido. Bombardiamos as crianças com uma mídia e um comércio que parece ignorar o brincar e as especificidades das crianças, logo, parecem pular a infância. São calçados de salto, é uma sexualização precoce, uma estatização do corpo em frente ao computador ou ao video game... Confissões de crianças de 8 anos que passavam o intervalo pensando em beijar o coleguinha na boca com toda malícia do gesto e que tinham como ídolos Kely Key (e seu cachorrinho) e Latino (com a festa no seu ape), são confissões reais que me assustam. Eu me sinto convivendo com pequenos adultos que foram banidos mais cedo da magia e dos segredos da infância.
Enfim, crianças me são seres enigmáticos com muito a nos ensinar, mas por mais que as estudemos, parece que nunca conseguimos descobrir seus segredos e sua magia. Enquanto não as compreendo, sigo com elas me encantando!

23/07/2009

Valorizar

Achei este texto guardado nas minhas coisas e achei que deveria compartilhar com a turma.

Trabalhar “seriamente”...”Fazer coisas bonitas”...”Para servir”...São essas as grandes preocupações da criança em contato com a vida.
Termina o seu castelo de areia coroando-o com um ramo de flores. Nos seus dedos de mágico, agita ao sol um prisma que dá ao mundo as cores maravilhosas do arco-íris.
A própria folha de papel que a criança acaba de animar com seus desenhos, aguarda a paleta caprichosa do pintor para adquirir vida e esplendor, como se a criança precisasse sempre revestir a sua obra com o toque decisivo que faz as coisas mais belas do que são.
Será que o pedreiro trabalharia com ardor e com gosto se lhe destruíssemos sistematicamente a casa que acabou de fazer e sobre a qual colocou, com legítimo orgulho de construtor, a bandeira simbólica? Será que o camponês retomaria o arado, se lhe ceifassem o trigo ainda verde, não acidental mas metodicamente, e se abatessem as árvores que plantou?
Neste começo de ano tente esquecer os ensinamentos da escolástica, escute as exigências normais da vida, valorize a obra mais humilde dos seus alunos! Que cada trabalhador – e a criança tem as preocupações e a dignidade do trabalhador – tenha consciência, a cada momento, de ter posto uma pedra no seu edifício e ter acrescentado ao seu patrimônio um pouco de eficiência e um pouco de beleza.
Valorize o texto informe, dando-lhe a perenidade do majestoso impresso; valorize pelas cores e pela apresentação, os desenhos que forem dignos de uma coleção ou de uma exposição; esmalte e coza as louças que, na sua forma definitiva, poderão desafiar os séculos.
Então você sentirá o orgulho da obra bem feita animar e apaixonar os seus jovens operários, e fará nascer e se impor essa grande dignidade do TRABALHO, que nós também desejaríamos escrever, em letras definitivas, na fachada das nossas modernas escolas do povo.
Celèstin Freinet in: “Pedagogia do Bom Senso”, Ed. Martins Fontes

18/07/2009

O que os textos trouxeram de interessante para mim

Textos: Uma Conversa Inicial de Gláucia de Melo Ferreira

Estatuto do Saber Pedagógico de Júlia Varela

Imagens do outro de Jorge Larrosa

Agamenon e seu porqueiro de Antônio Machado e Juan de Mairena

Ao ler os textos acima citados, concordo com os autores de como é importante ensinar aos alunos com métodos e técnicas diferentes, mudar a velha prática e ir além da Pedagogia Tradicional e da Pedagogia Renovada, ser inovador, sair do paradigma e pensar em uma educação moderna. Devemos educar para a vida em sociedade, para que nossos alunos sejam cidadãos críticos, que saibam pesquisar, criar, indagar, agir, cooperar, dialogar, expressar suas idéia e sentimentos, ser autônomos, que se organizem, e se avaliem em um ambiente onde a relação seja dialógica e solidária, com respeito mútuo, onde todos construam juntos o conhecimento, pois ninguém é dono da verdade e todos podem transformar a realidade.

Gostei muito de aprender sobre alguns instrumentos da pedagogia Freinet: a roda da conversa, o livro da vida, os ateliês, o plano de trabalho, os projetos, os álbuns, os livros, os jornais, a correspondência e o jornal de parede, são exemplos de atividade para serem colocados em prática na sala de aula.

26/06/2009

Sobre as verdades

Verdades, para mim, são significados que damos para as nossas respostas. Pois nossas questões são nossas incertezas, elas podem ter várias respostas que, de tantas, também são incertas. Só se tornam verdades quando nos são significativas. Como para uma mesma questão há várias respostas e cada pessoa pode significar uma resposta diferente, portanto, há várias verdades.

Em minha opinião, as maiores verdades que devemos buscar são aquelas que dão significado a nossa vida. Que nos fazem compreender quem somos, que nos mostrem como devemos agir, que nos tragam razões para viver.

Entretanto, muitas vezes deixamos essas verdades de lado e vamos simplesmente levando a vida, empurrando-a, sem realmente vivê-la. O texto abaixo me fez refletir a respeito de quanto acabamos ligando o piloto automático e, não assumindo nós mesmos a direção de nossa vida (pois esquecemos de quem somos), acabamos deixando de apreciar os caminhos que a constitui.

Paradoxo do Nosso Tempo - George Carlin

Nós bebemos demais, gastamos sem critérios. Dirigimos rápido demais, ficamos acordados até muito mais tarde, acordamos muito cansados, lemos muito pouco, assistimos TV demais e raramente estamos com Deus . Multiplicamos nossos bens, mas reduzimos nossos valores. Nós falamos demais, amamos raramente, odiamos freqüentemente. Aprendemos a sobreviver, mas não a viver;adicionamos anos à nossa vida e não vida aos nossos anos. Fomos e voltamos à Lua, mas temos dificuldade em cruzar a rua e encontrar um novo vizinho. Conquistamos o espaço, mas não o nosso próprio. Fizemos muitas coisas maiores, mas pouquíssimas melhores. Limpamos o ar, mas poluímos a alma; dominamos o átomo, mas não nosso preconceito; escrevemos mais, mas aprendemos menos; planejamos mais, mas realizamos menos. Aprendemos a nos apressar e não, a esperar. Construímos mais computadores para armazenar mais informação, produzir mais cópias do que nunca, mas nos comunicamoscada vez menos. Estamos na era do 'fast-food' e da digestão lenta; do homem grande, de caráter pequeno; lucros acentuados e RELAÇÕES VAZIAS. Essa é a era de dois empregos, vários divórcios, casas chiques e lares despedaçados. Essa é a era das viagens rápidas, fraldas e moral descartáveis, das rapidinhas, dos cérebrosocos e das pílulas 'mágicas'. Um momento de muita coisa na vitrine e muito pouco na dispensa. Lembre-se de passar tempo com as pessoas que ama, pois elas não estarão aqui para sempre. Lembre-se dar um abraço carinhoso em seus pais, num amigo, pois não lhe custa um centavo sequer. Lembre-se de dizer 'eu te amo' à sua (ao seu) companheira (o) e às pessoas que ama, mas, em primeiro lugar, se ame... se ame muito. Um beijo e um abraço curam a dor, quando vêm de lá de dentro. Por isso, valorize sua família e as pessoas que estão ao seu lado, sempre!!!!!

Ame-se = conheça-se, respeite-se e viva!