28/08/2009

As minhas primeiras descobertas com o curso

Este relatório foi solicitado pela Profa. Gláucia para ser entregue no início de julho.

Procuro relatar aqui os meus pensamentos depois destas cinco primeiras aulas do curso de Pedagogia Freinet ministrado pela Profa. Gláucia de Melo Ferreira da Escola Curumin e pela Profa. Maria Teresa Mantoan da Faculdade de Educação da UNICAMP. Começo este relato apresentando uma tela do Magritte (acima) que gosto muito e que transcreve, pelo menos para mim, uma das primeiras discussões do nosso curso, que envolvia as perguntas: O quê fomos?, O quê somos? e Para onde vamos?

Dentre as várias interpretações possíveis sobre esta tela, uma delas está relacionada ao fato de que o que vemos, e portanto o que somos, é fruto do que fomos, ou seja, do nosso passado. Afinal o presente é efêmero demais e o futuro incerto demais e não poderiam contribuir para o que somos. Esta interpretação também me ajuda a descrever o meu primeiro avanço no curso, que foi a desconstrução do que eu acreditava ser a poderosa escola “tradicional”. Não percebia eu como a idéia desta escola “tradicional” forte e imutável estava impregnada em meu ser. Ser este construído com uma história de vida inserida neste modelo de escola “tradicional”. Afinal o que sou é fruto do que fui, por onde passei e vivi. Quando discutimos o fato de que este modelo “tradicional” não é tão antigo assim e que é um modelo fruto da necessidade da sociedade da época e portanto concluímos que não é um modelo tão forte e tão imutável, eu me senti expurgando o meu primeiro demônio. Senti-me mais leve e por que não dizer mais pura depois deste exorcismo. Esta pureza me fez estar mais pronta para as novas discussões e descobertas. As novas descobertas sobre algumas das ferramentas de trabalho da Pedagogia Freinet, bem como alguns dos fundamentos desta pedagogia muito me encantaram e entusiasmaram e continuam a me encher de idéias. Precisa estar mais leve e mais puro para conseguir entender que “deixar a vida entrar na sala de aula, como dizia Freinet” não significa simplesmente levar os alunos para fazer estudos do meio e pedir posteriormente um trabalho sobre o assunto abordado. É preciso exorcizar muitos demônios para se sentir à vontade com a ausência das verdades dominantes e pensar o trabalho do educador calcado na cultura das incertezas e deixar a vida invadir de verdade o espaço que cerca o mundo educacional. Não posso deixar de citar também outra descoberta que me consumiu dias a fio. A Profa. Maria Teresa Mantoam disse numa aula que: “conhecer o aluno é algo muito mesquinho”. Esta frase me pegou de cheio. Passei dias pensando nela e descobri que é mesmo muita prepotência achar que o professor tem a habilidade de conhecer profundamente os alunos através do conhecimento de fatos de suas vidas privadas e que estes fatos seriam preponderantes na sua relação com o aluno. Estes pensamentos me mostraram que eu não entendia realmente a relação do professor com o aluno, pois esta relação de forma alguma seria uma relação pessoal ou uma relação analista-paciente. Acredito enxergar um pouco mais agora que a relação do professor com o aluno é mais uma relação intensa do tipo companheiros de trabalho na saúde e na doença, na alegria e na tristeza para criar e construir pensamentos e coisas, crescendo e vivendo juntos no tempo que a vida nos dá. Agora vejo que é mesmo um consenso que de nada valem os fatos da vida cotidiana de cada um, seja professor ou aluno, pois temos é que ser capazes de interagir e de se relacionar apesar das inquietações da nossa vida. Afinal nosso objeto é muito maior do que fatos, mas é o conhecimento. Certamente é ele que nos levará a entender o que fomos, o que somos e para onde vamos. Magritte tentou sugerir algumas respostas na sua tela, mostrando também o olhar para si mesmo. Precisamos agora é começar a pintar a nossa tela.

01 de Julho de 2009

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